18.6.11

Manuel António Pina


Na biblioteca

O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,

quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,

em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,

as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.

Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.


Cuidados Intensivos

Manuel António Pina

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS


BIBLIOTECA
JUNHO 2011

Cá estamos de novo...

Encontramo-nos nesse espaço que se estende entre nós e as palavras.

No exercício da busca manifesta-se, no rasto da tinta, o desenho inquieto das letras. Desenhamos o sentido com a régua e o esquadro da consciência. Com o compasso dos dias traçamos um conceito fechado em si mesmo.

Na Escola da Arte o Livro das Ideias.

Na Arquitectura da Palavra a Engenharia da Memória.

Na Biblioteca do Tempo a Leitura das Horas.

Entre nós e as palavras…

O único sentido possível.

MIGUEL PAIS

Entre nós e as palavras há metal fundente

entre nós e as palavras há hélices que andam

e podem (…) tirar do mais fundo de nós o mais útil segredo

entre nós e as palavras há perfis ardentes

espaços cheios de gente de costas

altas flores venenosas portas por abrir

e escadas e ponteiros e crianças sentadas

à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos

(…)

há palavras imensas, que esperam por nós

e outras, frágeis que deixaram de esperar

há palavras acesas como barcos

e há palavras homens, palavras que guardam

o seu segredo e a sua posição.

(…)

E há palavras e nocturnas palavras gemidos

palavras que nos sobem ilegíveis à boca

palavras diamantes palavras nunca escritas

palavras impossíveis de escrever

por não termos connosco cordas de violinos

nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar

(…)

Entre nós e as palavras, os emparedados

e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

YOU ARE WELCOME TO ELSINORE, MÁRIO CESARINY

21.7.10

19.6.10

Um escritor...

Imagem retirada de /www.sapo.pt/

Até sempre Saramago.

Mais... e aqui também.

Ainda Saramago.

Manuel António Pina


O grande auditório da nossa Escola acolheu, na noite do passado dia 4 de Junho, a sessão pública de lançamento do novo livro do poeta e escritor Manuel António Pina, que assim esteve pela primeira vez entre nós.

Mais
aqui.

Concurso literário 2009/2010


Em reunião realizada a 26 de Maio de 2010, o júri decidiu, por unanimidade, atribuir o prémio do Concurso Literário da Escola Artística Soares dos Reis à aluna Teresa Sofia Chow Soares de Carvalho, aluna nº 22 do 11º A 3, na categoria de Poesia.

O Júri
Alexandra Azevedo
Lourdes Rocha
Margarida Mouta

Poesias premiadas aqui.

11.6.10

Um certo livro

Imagem retirada do "Jornal Público"

Cacho Salinas odiava os frangos, as galinhas, os patos, os perus, qualquer bicho que tivesse penas, mas mesmo assim parou diante do grelhador onde rodavam lentamente uns quarenta broilers, alinhados como os soldados cibernéticos de A Guerra das Estrelas.
_ Como estão os frangos? _ perguntou ao vendedor que meditava, perdido nas páginas desportivas de um jornal.
_ Em pêlo, mortos, como quer que estejam?_ respondeu o aludido.(…)
Desculpa se fui malcriado, mas fodem-me a cabeça todo o dia, seja queixando-se dos frangos, seja pedindo-me os currículos. (…)
O vendedor tinha sido, e era, comunista_ porque isso é como uma verruga moral que nunca se arranca _, precisou. Também era retornado ao país após dez anos de exílio na Suécia. Suspirava ao referir-se a Gotemburgo, às suas ilhas, ao mar cor de aço, àquelas mulheres que_ especificava _ escolhem livremente e com alegria o macho que desfrutará da cama Ikea e com quem não há truque que valha.

A sombra do que fomos, Luís Sepúlveda

Mais aqui.

26.5.10

Manuel António Pina


Manuel António Pina (MAP) é uma das mais prestigiadas figuras da vida jornalística, literária e cultural portuguesa. Além de um dos maiores poetas vivos da nossa língua, cuja obra obteve os principais prémios nacionais e internacionais de poesia, MAP é também o mais premiado dos nossos escritores de literatura infanto-juvenil. Mas a sua faceta mais conhecida, mais popular, é a de cronista: as suas crónicas diárias na última página do "Jornal de Notícias" e quinzenais na "Notícias Magazine" (como antes na revista "Visão"), pela sua excepcional qualidade assim como pelo seu humor ou ironia, tornaram-se um caso à parte no nosso jornalismo. É esta tripla vertente poética, literária e jornalística de MAP que vai estar em destaque no próximo mês na Feira do Livro do Porto, onde MAP será, este ano, o autor homenageado (sábado, 5 de junho).
Mas, na véspera, MAP vai estar pela primeira vez na nossa Escola, em cujo Grande Auditório irá realizar-se a apresentação pública do seu novo livro, uma antologia das suas crónicas jornalísticas seleccionada e organizada por um professor da nossa Escola. É uma oportunidade única, aberta ao público em geral mas para a qual fica especialmente convidada a nossa comunidade escolar (professores, alunos e seus pais, encarregados de educação e familiares interessados), de ouvirmos Manuel António Pina e de o interpelarmos acerca de si próprio, da sua obra ou de qualquer outro tema da nossa curiosidade. Vai ser, decerto, um momento memorável para a nossa Escola e para cada um de nós!
Não faltem!
sexta-feira 4 de junho de 2010 21.30 horas
Grande Auditório da Escola Artística Soares dos Reis
Conversa com... Manuel António Pina: sessão de apresentação pública do livro «Por outras palavras e mais crónicas de jornal»

17.5.10

Clube de Leitura


Terá lugar, no próximo dia 20 de Maio, 5ª feira, pelas 18h, mais uma sessão do Clube de Leitura. A obra em discussão será "A Queda" de Albert Camus. A sessão é aberta a toda a comunidade escolar.